Na terra queimada e fria, manchada de sangue, coberta de escombros, terra que, antes, sentiu o palpitar de um Povo que trabalha, ri e chora as suas dificuldades, mas resiste luta e avança no seu dia a dia, vagueiam, agora, aqueles que sobraram de uma guerra infernal. Vagueiam de olhos baços, vazios de esperança, levando consigo uns parcos haveres, salvos das ruínas de suas casas, ainda fumegantes, atingidas pelos mísseis criminosos e indiferentes à sua dor!
Pela mão de suas mães ou outro parente ou um anónimo, vão crianças com olhos de espanto e medo, cingidas ao corpo deles como escudos salvadores. Os velhos, esses, cambaleiam e tropeçam, avançando à toa, na procura de uma saída que os leve a lugares de Paz.
E amanhece!… E anoitece!… Dia após dia! E aquele lugar é como um túmulo sombrio, onde não espreita a luz nem se ouve um gargalhar descontraído!
Mas, eis que surge, um entre eles, que tem os dedos afeitos às teclas e que arranca, de um velho piano ali postado entre os destroços, notas musicais pacificadoras, marteladas com amor e arte! E, naquele lugar martirizado, fez soar música que veio suavizar tanta mágoa, tanta dor, tanta saudade!
E os ouvidos quase surdos dos constantes rebentamentos e o apitar das sirenes, aprontaram-se a escutar a música, bálsamo para as suas angústias!
O artista que ali veio para aliviar a tristeza e a dor, dia após dia, logo pelas 5h da manhã lá estava a postos, de mãos e todo ele congelado, frente ao piano para transmitir um pouco de Paz e fazer nascer a Esperança!
Há muito modo de ajudar! A música é de especial magia!
Honra e louvor a quem se dedica a aliviar quem sofre, mesmo estando a sofrer, também!
Esta é uma estória verdadeira vivida numa das cidades mártires da Ucrânia e que ouvi e vi, relatada, com emoção, na TV há poucos dias.
Helena Marques
Leitores do PenacovaActual
Não sei se conheço a nova cronista que se apresenta como Helena Marques.
Nem isso interessa muito aqui…
Interessa só a sua escrita, que enobrece a função primeira desta publicação: transmitir opinião e conhecimento!
Bem-vinda.
Que bela dupla fazem as Mulheres, visto que todos sabem o apreço -até carinho- que tenho pela Marília (que ainda não conheço pessoalmente).
Retenham, pf, que estamos a ler “prosa poética”.
E apoiem, pf!